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Eduardo Ribeiro Alves

«No uso pleno da minha livre opinião!»

Eduardo Ribeiro Alves

«No uso pleno da minha livre opinião!»

ESTRUTURAS E ELEFANTES BRANCOS... é só o que resta!

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Outrora, há já algumas décadas, fervilhava a cultura, a vontade de jogar e de conviver. A pobreza era muita, as necessidades ainda maiores, mas a vontade de realizar ATIVIDADES estava na alma de todos...

No dia a dia, era o trabalho duro das sementeiras, das regas, das colheitas, as ruas eram repletas de poeira ou lama. Pessoas e animais, pela rua fora, compartilhavam espaços nem sempre delimitados, os recos, as pitas, os coelhos, as vacas, os toiros e os burros viviam num mosaico social, económico e de liberdade e apesar da constante azáfama, ainda assim havia tempo para praticar ATIVIDADES... Mas oque era isso, afinal, de ATIVIDADAES? Simplesmente era isso mesmo, ou seja, toda a comunidade, velhos, novos e crianças, participavam num conjunto de tarefas de lazer, de jogo, de divertir, umas mais de caráter geral, tradicional e eventual mas outras realizadas sem fim no dia a dia, que tornavam a comunidade rural menos triste, menos revoltada, menos preocupada, menos pobre e carenciada, menos dependente e conformada e sobretudo mais amiga, pacífica, bairrista e solidária!

Assim, no dia a dia, desde o Jogo da Rocha, do Pino, do Pião, do Esconde Esconde, da Mortalha, da Barra Forte, da Pinha, era um sem fim de atividades que as crianças e jovens praticavam entre si, por vezes descalços, de calças poidas ou mesmo rasgadas, de caras sujas, moncos no nariz, mas sempre entusiasmados e (talvez) felizes a sério!.. Mas tradicionalmente havia também atividades mais prolongadas e gerais, que envolviam todo o povoado, donde sobressai o Carnaval, que primava pelo disfarce, pelos chocalhos, pela farinha, farelo e até cinza, mas sempre não passando limites e bom senso. Já por ocasião da Festa Anual do padroeiro, eram as rusgas, os diversos Jogos Populares, Corridas de Cântaros, de Burros, a Panela, o Farelo, etc. etc.  E todos se sentiam em casa, com um espírito divertido e sossegado, que pasmava aos céus!

Entretanto a evolução dos tempos, das economias e das vontades trouxeram novas ATIVIDADES, uma das quaisa bola, que começou a ser jogada de trapos! O Futebol entre aldeias surgiu depois e sobretudo, por ocasião das Festas Anuais, assistia-se a autênticos torneios entre aldeias, que levavam as comunidades ao rubro, no meio de gritos, copos e o olhar de alguns agentes da GNR que eram obrigatoriamente contratados para que esses eventos se pudessem realizar!  E os campos (?) de futebol eram térreos, onde os tojos, gestas e chamiças teimavam ao longo do ano em rebentar e a sobreviver, mas que as enxadas de roçar dos jovens destruíam e alisavam. Depois, de quando em vez, arranjava-se cal e marcava-se o campo, sobretudo para os "jogos oficiais"... E foi assim anos e anos, sem as chamadas ESTRUTURAS, isto é sem sedes, sem relvados, sem construções, sem polivalentes e até sem grandes estatutos ou mesmo planos,  sim porque o verdadeiro plano de atividades estava na índole e na génese do próprio povo, que, por vezes, sem saber ler e escrever, conhecia de cor toda a calendarização, as regras, os participantes, os prémios, os custos e até as contas!...

Até que UM DIA... tudo se modificou: vieram as Sedes, os Espaços, os Campos, as Salas, os Gabinetes, os Relvados, os Polidesdesportivos, as Mobílias, os Banhos, as Bolas, as Redes, as Cordas, os Baloiços, as Mesas, os Carros, os Equipamentos, os Computadores.... Sim veio tudo e todas as ESTRUTURAS ficaram espalhadas por toda a comunidade... campo disto, campo daquilo, sede disto sede daquilo, pavilhão multiusos disto e daquilo...

ESTRUTURAS e ELEFANTES BRANCOS, proliferaram pelas comunidades, de difícil construção e manutenção, mas escandalosamente sem uso ou pouca utilização, iluminados pela noite fora, altos, pintadinhos e belos, mas onde só moram cadeiras, mesas e sofás e, por vezes, sem mais nada, a não ser quando houver mais uma daquelas atividades ruidosas e de abanar o capacete, de saltar ao ar, no meio de uma dezena de copos, dum reco no espeto ou, pior ainda, de mais uma campanha política de manipulação e de embriaguez coletivas!

É mesmo, ESTRUTURAS e ELEFANTES BRANCOS, por todos os lados, donde de noite e de dia ouvimos gritos dum silêncio aterrador... é que, no seio das Comunidades já não há ATIVIDADES!... Outrora, sem ESTRUTURAS, foram e eram todos tão felizes com tantas ATIVIDADES!...

E agora... agora, ESTRUTURAS e ELEFANTES BRANCOS... é só o que resta!

publicado às 15:35

25 de ABRIL em "Estado de Emergência"...

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25 de Abril de 1974 nasceu  e cresceu entre e no meio do povo... Não  se gerou na então Assembleia Nacional (versus Assembleia da República), nem em qualquer descontentamento do então Governo, ou mesmo dos Altos Comandos das Forças Armadas. Não, o 25 de Abril de 1974 nasceu com os (simples) Capitães  e o seu sucesso tornou-se imparável, porque rapidamente se derramou pelo povo, que o acarinhou e jamais dele se separou!

Vem tudo isto a propósito do próximo dia 25 de Abril de 2020... O país está em "Estado de Emergência", com medidas severas, mas certamente justificáveis, justas e compreendidas pelo povo.  Comemorar o 25 de Abril em 2020?! É claro que sim! Mas duma maneira sentida, séria, triste, mas plena de esperança, porque o povo tem necessidade de o continuar a sentir e a perpetuar, ainda que não possa vir para a rua abraçar-se, beijocar-se, empurrar-se  e exaltar-se...

É por isso que a comemoração elitista do 25 de Abril de 2020  na Assembleia da República  vai envergonhar o povo, a democracia e os próprios Capitães de Abril... Tratar-se-á dum evento à revelia das próprias recomendações e medidas do "Estado de Emergência" e será uma comemoração meramente elitista, que causa mesmo revolta a quem nele participou em 1974 e que tanto se arrepiou naquele medo corajoso ao som da..."Grândola, Vila Morena..."

Este ano a melhor comemoração seria sem dúvida  colocar "cravos vermelhos" nas janelas e nas varandas, ou então vir para a rua com os nossos automóveis e, de forma ordenada e mesmo mascarada, dignificarmos os nossos heróis dos Serviços de Saúde, que são os nossos verdadeiros "Capitães" deste Abril 2020, que, certamente, nos devolverão a Liberdade pela qual tanto suspiramos!

Oxalá que Abril de 1974 e de  2020 se cumpram , se derramem e se fortaleçam no Povo, na Liberdade e na Saúde.

publicado às 00:25

Intervenção no XII Congresso da FNE

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Deixai vir a mim as criancinhas…”, frase proferida por Jesus, conforme Mateus (19:14). Porém, passados dois mil anos, em relação às atitudes criminosas de alguns altos representantes de Jesus na Terra, apetece-nos agora recomendar: “ Não deixeis ir a eles as criancinhas…

Referimo-nos aos crimes de abuso sexual contra crianças, que tão corajosamente Sua Santidade o Papa Francisco, tem vindo a divulgar e a condenar, admitindo publicamente que estes crimes também tenham vindo a ser praticados pelos seus consagrados homens de batina ou sotaina, alguns dos quais ligados à mais alta hierarquia da Igreja. Foi, porém, com grande estranheza que, perante tanta divulgação destas escandalosas notícias, não tenhamos visto, lido, ou escutado as diversas organizações nacionais ou internacionais ligadas aos professores ou às crianças, virem a lume repudiar com veemência estes atos criminosos e exigir condenações pesadas para os seus autores, independentemente das decisões condenatórias dos seus próprios tribunais eclesiásticos. Ora na procura duma justificação para este desinteresse e alheamento, no caso concreto das nossas Organizações de professores, sindicais e outras, ficou-nos a perceção que esta apatia se explicará por se terem esquecido que é nas crianças, versus alunos, que reside a verdadeira essência do ser-se professor e que quaisquer outras funções desempenhadas, de natureza não letiva, de ordem administrativa, associativa, sindical, ou mesmo politica, deveriam constituir-se como uma mera e pontual exceção, devidamente limitada no tempo e nos mandatos, de forma a fazer e a favorecer um regressar ao exercício docente, essência da profissão docente, benigno, desejado e pacífico. Fica-nos um amargo na boca, ao suspeitarmos que muitos destes professores que se afastaram se consideram que se “safaram” dessas funções docentes e alguns durante décadas e que se alhearam cada vez mais dos alunos, desenvolvendo em relação a eles uma espécie de “fobia patológica”, tudo fazendo agora para se manterem nos seus lugares administrativos, associativos, sindicais e políticos. Para cúmulo, só faltaria que começassem a reivindicar para si próprios e à semelhança dos politicamente destacados, que a contagem deste tempo de serviço de funções não letivas, fosse servir simultaneamente para cálculo das suas reformas, como professores e para cálculo de “Subvenções Vitalícias”!...

Mas, voltando à essência da profissão docente, versus crianças e aos crimes de abuso sexual que algumas delas carregam pela vida fora, urge aqui clamar por uma Justiça singular e implacável para com todos os prevaricadores, condenando-os a penas de prisão, onde para crimes iguais também iguais sejam a mesa, a cama, os espaços e a roupa!

Quanto às Organizações de professores, ousamos aqui recomendar que atendam aos “sinais dos tempos”, como por exemplo aos do Movimento # Me Too e que não deixem que os interesses pessoais ou dos seus associados, se enquistem e se sobreponham às necessidades reais das crianças e dos seus professores que as lecionam, preservando de todos eles atitudes, ainda que camufladas, de bullying e exigindo um clima escolar de liberdade e de democracia, quer ao nível científico e pedagógico quer ao nível da gestão e administração escolar.

publicado às 22:22

Até quando?!

 

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E lá vêm eles e elas,

políticos e políticas de feira,

metidos nas suas vestes empolgadas,

com sorrisos, beijos e abraços espampanantes

com cachecóis traçados ao pormenor...

 

E eis que avançam mesmo até ao cimo,

sorrindo, abraçando, acenando,

sem escrúpulos, sem vergonha, sem fé...

Ao lado, mirando de longe,

vem mais uma camad de assessores e parvalhões,

fotografando tudo e todos...

e viva o Facebook  e as selfs!

 

É este o panorama,

é esta a praga que temos que suportar no dia a dia,

já nem se pode sair de casa,

e ir a um lado qualquer... missa, festa, procissão,

todos os lugares servem para eles,

sempre o mesmo espetáculo

as mesmas caras,

a mesma treta!

 

Tudo conspurcado! Até quando?!... 

publicado às 19:25

FESTAS de S.TIAGO...genuinidade e cultura popular.

 

Já lá vão muitos e muitos anos... o Zé Cuco (alcunha por que era conhecido), saía todo chateado da Missa do Domingo da Festa de S. Tiago, Padroeiro da Paróquia de Andrães:

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 - S. Tiago de Combostela?!...  Combostela uma grande merda! S. Tiago de Andrães! O S.Tiago é nosso!

Na verdade, o Orador Sagrado (sacerdote) havia proferido uma brilhante homilia sobre  S.Tiago e referiu-se a universalidade e à grandeza do santo, daí ter-se também referido a Santiago de Compostela... mas esqueceu-se da simplicidade de muitas das pessoas residentes  de Andrães.

Cumpre-me talvez o dever de  alinhavar aqui algumas palavras ou mesmo ideias,  sobre as Festas de S.Tiago em Andrães, não sobre as recentes, de 2017, ocorridas há pouco mais duma semana, mas sobre todas as festas em geral,  debruçando-me sobre a tradição, a criatividade e a animação sociocultural, religiosa e comunitária. Espero que as ideias aqui expostas sirvam de contributo, ainda que limitado, para todos aqueles que no dia a dia, ou ano após ano, se preocupam pela realização de mais uma Festa de S. Tiago, enquadrando nela toda a tradição e cultura sagrada e profana do passado, com toda a modernidade e inovação do presente.

Esta festa, durante muitos anos considerada como "Uma das Festas mais típicas do Concelho de Vila Real", realiza-se anualmente no penúltimo domingo de Julho. Essencialmente consiste em três dias de Festa: sábado, domingo e segunda-feira. Ao longo dos anos, foi-se inserindo mais um dia, na sexta-feira e, este ano, até se incluiu uma "procissão de velas" já na quinta feira.Tudo bem. Mas tradicionalmente eram só três dias e com o seguinte Programa:

- Sábado - Manhã, Feira de gado. Missa e distribuição de prémios, à melhor "Junta de Bois", à melhor "Junta de Vacas" e à melhor "Vaca Isolada", no Largo da Igreja.

 Tarde - Futebol Interfreguesias.

- Domingo - Manhã, Arruada de Bombos de Gigantones e duma Banda de Música. Missa. Tarde - Concerto no Largo da Igreja pela Banda de Música.  Procissão. Noite: Arraial com a Banda de Música no Largo da Igreja. 

- Segunda-feira - Manhã, Música Variada da Aparelhagem Sonora. Missa. Tarde, Jogos Populares Transmontanos. 

A Comissão de Festas é nomeada no domingo da Festa e tem duração de um ano, não devendo ser "reconduzida", mas devendo nomear uma nova Comissão. A Comissão deve ser diversificada, devendo ter homens casados e jovens solteiros (rapazes e raparigas). Não é de tradição as mulheres casadas pertencerem à Comissão. A Comissão deverá ter também representantes "internacionais", outrora no Brasil, mas nos tempos de hoje, dadas as mudanças emigratórias, na  Suíça. A missão dos representantes "internacionais" é sobretudo a de conseguirem fundos (esmolas) para que a Festa possa ser  mais brilhante, fazendo um "peditório"  pelos "emigrantes". 

Existe uma Lista (ou Rol), aonde são escritas as "ofertas pecuniárias" dadas por cada pessoa (normalmente por cada chefe de família). O Rol é passado tradicionalmente à Comissão seguinte, para que sirva de guia ou mesmo de registo para a nova Festa e ao mesmo tempo para  não deixar que a "oferta" desça, mas que pelo menos se mantenha. Daí que, se torne frequente, muitas pessoas fazerem ofertas mais avultadas, mas pedirem para que no Rol o seu nome figure com uma "oferta" mais baixa, para que não sejam obrigadas, no ano seguinte, a manterem a mesma importância pecuniária. A Festa termina tradicionalmente com todas as despesas pagas, sendo tradicional "dar alguma coisa" para a Igreja e "passar alguma coisa" para a Comissão seguinte. Existe uma "confiança tácita" nos mordomos da Comissão. E ainda bem.  

O plano e o orçamento para a festa nem sempre é fácil...havendo no entanto "despesas obrigatórias", onde se incluem as missas, o armador da procissão e dos andores, a banda filarmónica, o fogo de artificio e a iluminação.  Modernamente, aposta-se também nos conjuntos musicais e até...num "artista" para " animar ainda mais" Outrora...isto é há muitos anos a trás, não era bem assim. O "piqué" (Aparelhagem Sonora do Crespo ou a Rádio Ideal Senhora de Justes, do Anacleto Taveira), chegava bem e animava grandemente os três dias de festa, contentando todos. O orçamento de então não era tão certo e tão fácil de calcular e tudo dependia do dinheiro apurado  e sobretudo do que chegava dos "emigrantes". A solução era  "cortar" sobretudo no "fogo de artifício", que era "mandado vir"  do tradicional Ramalheda, conforme o dinheiro existente...  Recordo ainda hoje com alguma graça, uma Comissão, constituída por pessoas simples mas honestas,  que metia todas as "ofertas" recebidas em sacas de pano do pão. E que usava como "cofre" uma enorme caixa de milhão (milho)... A Festa desse ano decorria normalmente e até bem, mas, no fim da procissão, o fogueteiro Ramalheda queria saber quantas dúzias de fogo  eram precisas para o arraial e se queriam muitas ou poucas "lágrimas", ou muitos ou poucos "morteiros". Os mordomos encolhiam os ombros, porque as sacas do dinheiro estavam quase vazias e ainda faltava pagar à "Guarda Republicana"... E lá acordaram com o Ramalheda fazer um arraial mais reduzido. Paciência! A Banda Filarmónica  (de Nogueira) tocava no Largo da Igreja e o povo rodopiava de alegria. E foi então quando um mordomo entrou pelo baile dentro, com uma saca de notas e gritou para os outros:

- Eh.... pessoal, afinal na caixa do milhão ainda havia mais esta saca de notas.  Vamos telefonar para o Ramalheda para trazer mais umas dúzias de fogo.

 

 

 

 

 

 

publicado às 23:34

RECORDANDO...Catarina!!

Às vezes releio o que em tempos idos escrevi, publiquei ou postei... Hoje reli e recordei Catarina...já foi há uns anitos!

« domingo, 6 de Setembro de 2009

CATARINA, ontem e hoje.

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Catarina (nome fictício) é o nome que serve para identificar aqui uma das professoras mais lutadoras. Catarina, tal como a outra, a Catarina Eufémia... mulher de baixa estatura física mas de imensurável coragem!
Assim, durante toda a sua vida docente, muito a admirei pela sua frontalidade e mesmo ousadia com que defendia as suas posições. E, nas reuniões de então, parecia um megafone, apelando aos sete ventos contra o fascismo, o capitalismo e a ditadura. E fazia-o duma maneira tão convicta e corajosa que me impressionava. Ao longo dos anos mostrou sempre de forma intransigente a sua luta, em nome da justiça, da democracia, da afirmação pelas suas ideias, pelo seu ideal mesmo político.
Os anos passaram, para ela e para mim. E hoje, de vez em quando, cruzamo-nos na rua, no café, na escola...
Mas Catarina mudou.
E mudou muito, e hoje ou não me entende, ou ficou dura de coração e já não sente o pulsar do combate. Confesso que tentei ,por várias vezes, ao longo dos dois últimos anos, dar-lhe alguns fortes abanões. Mas não resultou! Catarina está mole, empedernida. Catarina perdeu aquele brilho nos olhos, aquela coragem, aquele ânimo. Não lhe quero mal, bem pelo contrário!
E admito que Catarina se tenha finalmente cansado que tenha desfalecido pela dureza da luta e do combate, que tenha mesmo desertado pela traição das armas dos camaradas e que se tenha dado conta que... juntando-se ao rebanho, não dando nas vistas, não fazendo ondas, não levantado poeira, que possa levar uma vida mais calma, sem tantas angústias familiares e profissionais. Admito que isto tenha acontecido a Catarina, tal como tem vindo a acontecer a muitos outros  combatentes, que, perante a agudeza da luta, entram em pânico, desfalecem, desmaiam, enlouquecem, fogem e acabam por mesmo por ser mortos ou desaparecidos em combate. Opções difíceis, mas quiçá mais pragmáticas do que teimar o combate e acabar medalhado na sua coragem e valentia mas... a título póstumo!
Há cerca de dois dias vi Catarina na Escola: triste, apagada, uma sombra de outrora! Mesmo assim olhou-me longamente nos meus olhos e conseguiu num relance ler neles tudo o que eu tinha para lhe dizer e contar... sem eu nada dizer, gritar, saltar ou gesticular ela leu tudo nos meus olhos, depois, virou-se para mim e com desespero, mágoa ou exaustiva dor segredou-me ao ouvido:
- Daqui para a frente, tenho é que pensar nos meus dois filhos. Só quero preocupar-me com os meus dois filhos e nada mais!
Desviei o olhar e afastei-me.
Afastei-me e fugi com os meus olhos toldados por duas teimosas lágrimas de raiva e de tristeza! Depois dei comigo a perguntar-me porque estava a acontecer tudo isto a Catarina?! Porque é que Catarina resistente ao fascismo, ao salazarismo, à noite escura e pidesca, às leis injustas, aos ataques à classe, à injustiça, a tudo e todos e... se encontra agora tão exausta?! Agora se rendeu! Agora se aborregou?!...
Ah, Catarina de ontem e Catarina de hoje!...
Finalmente descobri.
E ao descobri-lo fiquei, também eu, petrificado e assustado.
E sinto-me agora com medo, muito medo, Deus meu!
É que... os tempos de hoje são piores do que aquilo que se julga.
É certo que hoje, já não há armas na rua, nem tiros, nem chicotes, nem canhões de água, nem cocktails molotofs, nem torpedos bengalórios, nem cassetetes, nem paus, nem punhos cerrados, nem gritos, nem palavras de ordem, nem revolta! Hoje, já não há nada disso, porém a luta é muito pior, muito mais perigosa e muito mais aguerrida!
A luta de hoje é de colarinho branco, é de camisa e gravata lavadas, é de gabinete, é de bufos, é de intriga, de compadrio, de cinismo, de influência, de corrupção, de traição.
E, contra este tipo de luta tão soft... Catarina não é capaz de lutar, porque simplesmente não sabe, porque na sua recruta, na sua instrução e na especialidade da sua arma de infantaria, não foi treinada para este tipo de luta. E este tipo de luta é o mais cobarde, o mais perigoso, o mais temível. O inimigo usa camuflagem por todo o lado, até nos companheiros, camaradas e colegas que se pavoneiam ao nosso próprio lado! E, se a gente ousa fazer um simples comentário, passados poucos segundos já chegou ao conhecimento do chefão, dos seus ouvidores, ou dos seus apêndices! E Catarina sabe muito bem que é assim. Por isso é que, já cansada de tantas punhaladas e de tantas traições, se escuda agora nos filhos, aparentemente se desinteressando da luta e dos combates e ensaiando sorrisos amarelos e desfarçados para a corja de feras, que a rodeiam!
Bem sei, minha Catarina querida, bem sei e compreendo a tua atitude, embora lamente que não prefiras as lágrimas da cela da prisão, do combate e da luta clandestina, do código de honra, do juramento de espada, dos irmãos encapuçados, dos braços suados e das faces frias!
E é esta a luta que é preciso doravante travar... e tu, Catarina, fazes tanta falta por cá neste combate!
Porque esperas?!
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Deixo aqui um epitáfio para tantas Catarinas! Ah, na época (2009), tinha um blog chamado "nomeiodasferas"...
publicado às 23:31

Onde estará? Alguém o viu aí pelo Mundo?!....

Vai fazer cinco anos (foi em  1 de junho de 2012)... neste meu Blog escrevia assim:

«VISITA MUITO AGRADÁVEL E RECONFORTANTE!

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Senti a sua cabeça de cor preta e o seu sorriso a bater-me à porta, era o Padre António Augusto (ou o Irmão António, como ele gosta que eu lhe chame). Já não o via há dois anos...Nasceu algures na África, foi refugiado em Angola, estudou no Seminário da Ordem do Espírito Santo em Malange, vindo completar o curso a Portugal, ao Seminário de Braga. Fala com um sorriso sempre na boca, nas nossas longas conversas sobre a Religião, sobre Deus e sobre os homens. O Irmão António, por sua vontade própria, que admiro profundamente, exerce o seu apostolado no Sudão (Sul), no Quénia, no Chade, que conhece como as suas mãos, falando das suas onze mil crianças, das suas aulas ao ar livre, da sua evangelhização sem igreja ou capela, sem cálices, sem paramentos, sem hóstias ou altares.

 

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Mas fala também com o mesmo sorriso, naturalidade mas eloquência de Fátima, que conhece tão bem e que considera o "Altar do Mundo", afirmando ser redutor considerar Fátima como somente dos Católicos... até porque os próprios árabes (afirma) têm também eles uma admiração por Fátima, até por ser esse também o nome da filha do seu profeta Maomé!

Conheço o Irmão António há sensivelmente uma dezena de anos. Quando parte de minha casa, nunca sei se volta, pelo que hoje quando nos visitou foi uma alegria. Comeu do que havia em casa (como ele diz que devem fazer os irmãos, em casa dos outros irmãos!). Come pouco, porque tem um corpo habituado às carências mesmo alimentares, ficando por vezes dias e dias sem ingerir alimentos.

Fala sempre com um sorriso nos dentes alvos e nos olhos arregalados, mesmo quando fala daquela última bala que teve que arrancar dum perna, ainda há poucos dias! Mas não consegue disfarçar uma certa tristeza quando fala das violações de crianças de 10/12 anos por mais de uma dúzia de homens armados... ou das violações em massa de todas as mulheres de toda uma aldeia. Mais triste ainda fica quendo se refere à captura (caça) em massa às pessoas, em especial crianças, para lhes serem retirados órgãos dos corpos, que depois são comercializados e enviados para um outro mundo dito "técnico e desenvolvído"  e habitado pelo dito homo sapiens!

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Ai este Padre António deixa-me reconfortado, como que carregasse com ele todos os meus pecados, em troca de meia dúzia de golos do meu vinho fino, que pede logo à chegada! Recorda-se dele, segundo confessa, tantas vezes por lá naqueles algures! Depois mostra-me fotos do seu mundo, dos seus crentes, dos seus (nossos) irmãos.  Em frente ao meu computador sorri-se com algum malicioso desdém, ou mesmo desprezo pelo "meu mundo" de coisas "supérfulas" (como diz)... por lá, pelo Sudão, pelo Quénia, não há computadores, nem internet, nem telefone, nem comida, nem água, nem eletricidade, nem mesmo chuva (já lá não chove há seis anos!!)

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 Meu Deus.... que Planeta este!

Lá partiu, com o mesmo sorriso, com mais um abraço. Não sei até quando, não sei se até uma próxima... Boa viagem, Irmão António, até... até quando Deus quiser!!»

RESTA UMA PERGUNTA, OU UM APELO:

Onde estás, Padre?! Ainda és vivo?! VOLTA! Espero-te por cá!! Não Tardes!!

publicado às 23:54

FAZ 40 ANOS...PARABÉNS LIFA|||||

Faz quarenta anos que nasceu a LIFA (Lista Independente da Freguesia de Andrães), que concorreu às primeiras Eleições Autárquicas Livres do após 25 de Abril de 1974... Tive a honra de ser "Cabeça de Lista", precisamente porque democraticamente fui "empurrado" e por unanimidade escolhido para a encabeçar! Tinha na altura 24 anos, tinha regressado da vida militar (e da guerra colonial) e... frequentava o Magistério Primário de Vila Real...

Ainda hoje, em muitas paredes, postes de eletricidade e mesmo portas velhas carcomidas pelo tempo, se encontra a sigla LIFA... Foi um tempo duro de Luta, que recordo com alguma saudade, confesso.

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 A LIFA não ganhou as Eleições Autárquicas cá na freguesia de Andrães,  mas disputou nesse tempo difícil a luta com duas outras Listas, uma do então PPD e outra do CDS. Foi uma luta muito difícil...onde a LIFA perdeu as Eleições, mas com uma Votação  na Mesa Nº 1 que passou os 60%...

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Exerci o meu mandato autárquico até meados de 1978, ano em que me casei e mudei residência para Castanheiro do Norte (Carrazeda de Ansiães), onde vivi por vários anos.

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 Agradeço a TODOS os que colaboraram na LIFA... foi um ato de bravura ter conseguido fazer a lista independente, na época, recolhendo 173 assinaturas por toda a Freguesia, com Bilhetes de Identidade em dia, quando muitos nunca o tinham ainda possuído!

Um obrigado muito especial aos que fizeram parte da LIFA... 

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Depois da LIFA muito mudou, muitas lutas se ganharam e muitas se perderam... Pessoalmente intervi politicamente no PS, com Deputado Municipal, muito me orgulhando de lutar sempre pelo Mundo Rural e especificamente pela minha Freguesia...

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EPÍLOGO:

MAS...o tempo e a vida continua! E a grande lição a retirar da LIFA é que nunca se deve ser "escravo de ninguém", ou seja na defesa da nossa Freguesia nunca devemos deixar-nos arrastar pelo caminho mais fácil, que é muitas vezes diluirmo-nos na vontade e na "exploração" dos outros...

E, nos tempos atuais, muitas são as carências e mesmo os riscos que a Freguesia atravessa, sobretudo de natureza "ambiental" e "cultural"...

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Fazemos VOTOS que os autarcas locais,  cidadãos e moradores em geral saibam encontrar o caminho e o melhor para a Freguesia, sem ter medo dos desafios e dos ataques dos poderosos e dos "inimigos do exterior".

Força, Andrães!

PARABÉNS, LIFA!! 

 

 

 

 

 

publicado às 12:24

Nossa Querida...

 

     

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        NOSSA QUERIDA…

 

Simples foste, mas Mulher exemplar,

amando como esposa, mãe e avó.

Deste tudo aos teus, sem de ti teres dó,

mostrando-te feliz por saberes dar!

 

A oração completava o bem-estar,

na nossa Igreja, a poucos metros só.

Mas Deus chamou-te à terra e ao pó,

deixando-nos a todos a chorar!

 

Oh, nossa Querida, quão grande o choque,

das nossas tantas lágrimas, no toque

dos sinos da nossa igreja a finados!

 

Que Deus, a Quem Seu povo reza e canta,

te conceda felicidade tanta,

quanta a saudade destes teus Amados!

publicado às 23:40

ME(R)DALHAS...

Já lá vão muitos anos... Ocupava pela primeira vez, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Vila Real, o lugar de Deputado da Assembleia Municipal de Vila Real. Confesso que "tremia " um pouco de excitação, sentindo um "nervosinho" cá por dentro incomodativo. O líder do meu Partido (PS), Jacinto Cruz (já falecido!) pareceu-me nesse dia bastante nervoso e abeirando-se de mim disse-me:

- Você nao foi à Reunião de Preparação?!

- Pois não - gaguejei eu, não sabia...

- Não sabia?! Então não lhe telefonaram?!

- Não...

- Ah... então deixe lá, ainda não está na lista. Mas da próxima já estará!

Depois, o camarada Jacinto Cruz reparou numa folha A4 que eu tinha na mão e indagou?

- Que é isso?! Quer falar? Se quiser... pode lá ir. Bem falta que nos fazia que hoje isto está muito mau!  Vá lá antes da Ordem do dia. Quer que o inscreva?!

E os olhos do Jacinto brilhavam agora mais expectantes.. E eu senti então aquela velha hesitação e nervosismo, contra a qual lutei arduamente durante anos e anos e que me causa sempre prazer enorme quando, finalmente, a consigo vencer!

- S.....Ssssim! Inscreva-me lá!

Só depois comecei a olhar para o lado, para os Deputados Municipais dos outros Partidos... um do Partido Comunista, que pediu a palavra e que me agradou imenso, quer pelo discurso, quer pelo seu bigode sorridente ou mesmo castiço! Depois foram lá outros Deputados do CDS e do PSD. Deste Partido (PSD) destacava-se um Deputado Municipal de então, que me olhou de lado uma ou duas vezes...mas de soslaio. Depressa me apercebi que possuia um discurso pouco ou nada elaborado... mas muito "duro". O meu camarada do PS, o Artur Pimentel, de Lordelo, murmurou-me então ao ouvido:

- Caceteiros.... Só gostam de "dar porrada"! Mas não tenhas medo!...

E não tinha... mesmo! E eis que de repente o Presidente da Assembleia, pronunciou o meu nome, e quando me pus de pé e  comecei a falar todos olhavam para trás para me fitar (esqueci-me de dizer que estava na última fila cá do fundo!)

E falei, ou melhor comecei a ler a folha A4. Referi-me ao mundo rural e à grande discrepância entre este e a cidade. E disse que não podia tudo continuar assim, a cidade a absorver para si a maior parte das verbas e as pobres das aldeias a viverem miseravelmente... E falei das Escolas do 1º Ciclo sem condições, dos caminhos por limpar, das bermas das estradas, da falta de saneamento básico e sobretudo da então  "Lixeira da Portela".  No final sentei-me e...senti-me satisfeito, com a boca seca, mas com um sentimento e uma acalmia reconfortante.

A palavra foi dada de seguida a um Deputado do PSD, que me "fuzilou", quer com os olhos, quer na sua postura de nem se dirigir diretamente a mim:

- Não sei quem é este senhor, nem donde saiu e até me parece que nem da cidade é!...

Essas suas palavras doeram-se tanto.. e senti uma irritação enorme, mas o Jacinto Cruz, foi à Casa de Banho e ao passar por mim cá no fundo, segredou-me:

- Esteve muito bem... Não ligue ao que ele diz! Aqui quem não for da cidade está frito! Repare nos presidentes das juntas rurais... não vão abrir a boca toda a noite!

Valeu-me na reposição do meu estatuto que me estava a ser retirado (por não ser da dita cidade), o então Presidente da Câmara, Manuel Martins (também já falecido!):

- Senhor professor Eduardo, saudo-o e tenho muito gosto em vê-lo nesta Assembleia. Conhecemo-nos bem, quer dos Jantares de Natal Anuais com todos os professores do 1º Ciclo do Concelho, quer das Festas Escolares de Guiães, de Andrães e de outras Escolas, espalhadas pelo mundo rural e nas quais, como pode testemunhar, procuro estar sempre presente. Mas senhor professor Eduardo, deixe que lhe diga uma coisa, a cidade é de todos e as aldeias são de quem lá vive!

Sublinhei e negritei, porque repetiu vincadamente essas palvras... que jamais esquecerei.

Entretanto, o tal deputado do PSD... parece não ter gostado muito da intervenção do (seu) Presidente e comentava para o seu colega de bancada:

- Ora bem..bem!! Em frente em frente! Tanta importância para quem não tem importância nenhuma!

...

Os tempos passaram...Jacinto Cruz faleceu drasticamente e Manuel Martins também... E eu, hoje professor aposentado, já não sou deputado municipal, mas continuo do PS, ainda acreditando na sua "Matriz Ideológica, Social e Revolucionária" (expressão da minha responsabilidade), assente na Declaração de Princípios do Partido.  E, orgulhosamente, continuo a ser rural...isto é, vivo numa aldeia rural, habitando uma vivenda que adoro, centrada numa propriedade campesina com cerca de 6 mil metros quadrados!

O PS (onde me filiei há mais de 30 anos) é hoje Poder na Câmara Municipal do meu concelho, onde sou nado e criado! E eu também ajudei a "conquistar" esse tal Poder! Mas, sinceramente, tenho muitas dúvidas se o exercício desse Poder se harmoniza mesmo à (nossa) Declaração de Princípios, versus à tal "Matriz "!... Por diversas razões... que não importará referir por aqui agora!

...

Ontem, dia 20 de Julho, e ao que parece, foi o 91º Aniversário da Cidade de Vila Real. Confesso que nem me lembrei... andei cá pelo meu "paraíso" entretido todo o dia e nem quis saber de mais nada! Mas vejo agora as imagens nas redes sociais e na imprensa local, alusivas à cerimónia de atribuição ou imposição de Medalhas de Mérito Municipal, ou coisa que o valha! Ninharias para mim, confesso, daí que já meio ensonado me preparava para desligar o computador quando... dei um salto na cadeira:

- O quê?!!!!!!!! Um dos medalhados pelo meu Partido é o  tal ex-Deputado Municipal do PSD, a que me referi há pouco!...  Credo!!!!!!!

....

"Oh, Jacinto Cruz... pronto descansa em paz! Não ligues... mas como vês a Política por cá é só ME(R)DALHAS!"

publicado às 01:10

Os nossos ou os outros?! Eis a questão!

Confesso que tenho pensado muito neste dilema: Os nossos ou os outros?!

Bem, para os mais curiosos, falo mesmo de POLÍTICA , mas a sério, de "olhos nos olhos"!  Acompanhem-me só um bocadinho nestes CONSIDERANDOS, para depois concordarem (ou não),  com a minhas CONCLUSÕES:

Vamos então aos CONSIDERANDOS:

  • CONSIDERANDO QUE  existe uma "Matriz Ideológica, Democrática e mesmo Revolucionária" em determinado Partido Político, a qual nos serviu de pano de fundo ou mesmo argumentário ao longo dos anos, enquanto Oposição...
  • CONSIDERANDO QUE essa Matriz Ideológica, Democrática e mesmo Revolucionária, deveria servir de Guia, de Inspiração, ou se quisermos de GPS, quando, finalmente e após anos e anos de lutas e combates... conseguimos ser Poder...
  • CONSIDERANDO (ainda) QUE não é isso o que tem vindo a suceder, porque os Nossos, uma vez chegados ao Poder, fazem e comportam-se afinal e exatamente como os Outros...com favorecimentos pessoais e institucionais, com compadrio a "Lobos e a Lobies", com amesquinhamento e achincalhamento dos mais puros de nós e até... com desrespeito e minagem da própria democracia interna dentro do (seu??)  próprio Partido...
  • CONSIDERANDO (e finalmente) QUE não existe, ao nível da tal "Matriz Ideológica, Democrática e mesmo Revolucionária", qualquer progresso, sendo então de questionar se, mesmo assim, será preferível manter lá os NOSSOS ou deixar ou mesmo facilitar que para lá voltem os OUTROS... 

??????

 E agora vamos às CONCLUSÕES:

  • CONCLUSÃO 1- Se não existe garantia por parte dos NOSSOS, que estão no Poder, de irem cumprir a tal "Matriz Ideológica, Democrática e mesmo Revolucionária" , então se conclui  que se torna indiferente ou mesmo irrelevante que os NOSSOS permnaneçam no Poder, ou que os OUTROS o reconquistem!
  • CONCLUSÃO 2- A não existir garantia de cumprimento da tal "Matriz Ideológica, Democrática e mesmo Revolucionária" , por parte dos NOSSOS, nem pela parte dos OUTROS, então a única diferença é dum determinado "lote" ou mesmo "elite" de pessoas, do lado dos NOSSOS ou do lado dos OUTROS, que se comportam exatamente da mesma maneira...com o tal compadrio, favorecimento pessoais e institucionais e sobretudo "calculismo  desenfreado" no sentido de se manterem o mais tempo possível no Poder, bem como de auto se promoverem e mesmo, como se diz por aí (??) de enriquecerem ilicitamente...
  • CONCLUSÃO 3- Apesar de em termos de "Matriz Ideológica, Democrática e mesmo Revolucionária" , ser "indiferente ou irrelavante" continuarem os NOSSOS no Poder ou os OUTROS o reconquistarem; para efeitos de LUTA e COMBATE a favor dessa mesma Matriz  é SEMPRE MENOS MAU estarem lá os OUTROS que os NOSSOS! É que com os NOSSOS lá, a tal LUTA e COMATE a favor da Matriz é muito mais difícil, devido à falta de democracia interna, de debate e de discussão política, bem como à divisão interna, que é enorme e sobretudo à confusão política, ideológica e mesmo ética, que  é constante e fraturante...
  • CONCLUSÃO FINALOs nossos ou os outros?! Eis a questão! Bem, se os NOSSOS fazem na mesma como os OUTROS... então é preferível os OUTROS, porque assim os NOSSOS passam por uma "seleção natural", ou mesmo por um crivo ideológico e uma grande parte (o joio, ou seja aqueles que se filiaram à pressa ou os simples "mamões") vai-se simplesmente embora e a outra parte (o trigo, ou seja aqueles poucos e raros que têm sensibilidade política, democrática e ideológica para os Princípios da Matriz) fica e permanece na LUTA e no  COMBATE! E sem dúvida que lutar e combater é sempre mais fácil, quando sabemos  "onde está o inimigo" e, sobretudo, quando à nossa volta e ao nosso lado, sentimos o pulsar dos nossos autênticos e fiéis camaradas e amigos!

E, já agora, e como MESTRA final o pensamento de  Sérgio Vaz: (fantástico!!!).

Muito bem, Sérgio Vaz, eu assim farei!

 

publicado às 00:41

NÃO SE DEIXE SECAR!!

É isso... em mais um 1 de setembro: NÃO SE DEIXE SECAR!

Não tenho que regressar às aulas nem à escola. Saudades?! Oh... não! Sinto uma espécie duma acalmia estranha, por um lado, mas consciente e solidária, pelo outro. Confesso que me lembro de muitos colegas que, a esta hora, carregam às costas montanhas de stress, pelos mais variados pontos do país! Não resisto a desejar um BOM ANO ESCOLAR para todos, sobretudo para os alunos e professores. Mas não resisto também em fazer um pouco de cinismo, dizendo que os professores se dividem hoje em duas grandes sub-classes importantes: os COM-ALUNOS e os SEM-ALUNOS.Parece um paradoxo, mas é mesmo verdade. E o pior que existe na escola é sem dúvida os tais professores SEM-ALUNOS, pois afastam-se, estigmatizam, humilham, ignoram ou mesmo perseguem e espezinham os outros, os tais professores COM-ALUNOS! Há SEM-ALUNOS em muitos "tachinhos" por aí, há anos e anos, mas sobretudo nos Órgãos de Gestão. E são tantos destes, a nível nacional, que se julgam reis, senhores, burocratas e mandadores! Sinceramente, não sei para que servem!

Setembro, primeiro... a jeito de RE-ENTRÉ, queria aqui deixar um pensamento, ou mesmo alerta, cheio de vigor, que resumirei na frase: "SECAR-TUDO-À-SUA-VOLTA!" É isso, uma coisa que se sente cada vez mais nesta sociedade de (luta) de Classes Sociais (profissionais), é mesmo o SECAR-TUDO-À-SUA-VOLTA, pela parte de certas pessoas, versus lideranças, quer na escola, quer na política, quer na religião, quer nas associações e instituiições mais diversas. Lembram-nos os eucaliptos, que ao que consta, consomem toda a água em seu único proveito, secando todas as demais espécies vegetais na vizinhança!

 

"SECAR-TUDO-À-SUA-VOLTA": é isso! Eis o cancro de toda esta malfadada organização, dita democrática! Democrática, uma ova, a democracia foi-se, ou mesmo nunca terá existido.Nos tempos que correm, o LÍDER, que se queira afirmar, abraça logo a velha estratégia  do SECAR-TUDO-À-SUA-VOLTA, isto é, não admite qualquer opinião contrária à sua, sorri só e sempre para quem lhe acena que SIM a tudo e trata as pessoas quais súbditos (colegas, as próprias chefias intermédias, trabalhadores, empregados, operários, companheiros, camaradas, etc...) E entra-se assim num complicado sistema relacional que vai apodrecendo aos poucos, em que às pessoas só lhes resta obedecer, nada dizer, nada arriscar, nada propor, nada reivindicar, nada denunciar! Vive-se assim numa espécie de "cobardia coletiva", onde tudo roda à volta do LÍDER, até que um dia... ele seja deposto,  derrubado e afocinhe na Praça Pública, só então dando conta de toda a sua (real) insignificância!

Tempos dum primeiro de setembro politicamente também caraterístico de algumas lideranças, que, mesmo ao nível local,  tentam também "SECAR-TUDO-À-SUA-VOLTA" , alguns não se dando mesmo conta que o seu tempo de antena política já terminou e que, agora, a teimarem em liderar, não param de caminhar para o abismo e que, muito em breve, afocinharão na (tal) Praça Pública, só então se dando conta da sua (tal) insignificância!...

Mas, permitam-me aqui uma referência de índole pessoal, de que muito me orgulho. Ao longo dos anos, nunca fui capaz de ME DEIXAR SECAR! Palavra de honra que NUNCA ME conseguiram  SECAR!  Mas tentaram-no e convidaram-me muitas vezes a fazê-lo, isto é a SECAR-ME e a deixar-me conduzir e a aceitar cegamente o tal LIDER (político, escolar, religioso, ou-sei-lá!). E foi então que senti que, se o aceitasse, isto é, se me deixasse SECAR, a vida seria mais fácil, mais cómoda, mais atraente e apetitosa por ir saborear aquele tal "néctar" ligado ao exercício do Poder...que tanto atrai os ditadores! NÃO, mil vezes não! E vomitei com alguns convites para cargos relevantes, em troca de me SECAR, Mas que mais me motivaram a optar e a lutar ainda mais para dar a minha opinião, mostrar a minha divergência, expressar a minha revolta ou mesmo combater sozinho, em prol dos meus princípios e da preservação da minha própria identidade e liberdade! E sofri... e muito e muitas vezes! Mas rio-me hoje do ridículo de muitas situações e até de vários "Processos", que me instauraram e que hoje me dão gozo recordar,  desde o primeiro deles, por ter pintado com os meus alunos as paredes externas da escola, colocando lá escrito em "letras garrafais" a expressão "VIVAM AS CRIANÇAS DE TODO O MUNDO!" , até ao último, por causa dum post deste meu blogue, com o título "CRÓNICA DO REGRESSO À DAMA DE FERRO". Pelo meio ficaram muitos reparos, repreensões,  solicitações, aconselhamentos e queixas a diretores regionais, a políticos, a secretários de estado e mesmo a uma ministra! Não, nem mesmo assim, nunca ninguém me conseguiu SECAR! Sei que não passei de  um "SIMPLES", um "MERO", um "HUMILDE", um "TÃO-SOMENTE"... mas creditem que me sinto bem, satisfeito e sobretudo que nunca senti o choque do meu rosto (ventas é para os outros tais!) a roçar no chão da (tal) Praça Pública!

E, finalmente, e por tudo isso, deixo aqui esta a minha (simples) mensagem para todos os meus colegas, amigos e (até políticos- simples, como eu!):

NÃO SE DEIXE SECAR!!!

publicado às 10:22

NUDEZ (poesias ressuscitadas)

luta.jpg

Falsidade môngica,

de corpo cosido ao hábito hipócrito!

Não, não posso desistir de viver, de amar, de lutar,

só porque deixaste cair o hábito...

e à luz do Sol, em vez de santidade,

nudaste as ventas encornadas do diabo...

Apre, te arrenego!

Deus, amigos, mestres, discípulos, homens, pobres, puros, simples...

ajelho e oro convosco, neste combate duro, masturbador de vida!

 

publicado às 16:21

ELEFANTE (poesias ressuscitadas)

ELEFANTE BRANCO…

 

 PASSEIA DE BRANCO, PELA VIDA ESCURA,

QUAL ASSASSINO INFIEL ERRANTE,
ASSUSTA, INIBE, STRESSA, FAZ DOR
COM AR DE SANTINHO, DE FÉ E AMOR:
PASSEIA DE BRANCO...O MALDITO ELEFANTE!

E DESTROI OS SONHOS, AS LUTAS, AS ESPERANÇAS,
CILINDRA AMIGOS E MATA INOCENTES,
COM CARINHA DE ANJO, FIEL E ELEGANTE:
PASSEIA DE BRANCO...O MALDITO ELEFANTE!

E MANEIA A TROMBA ZOMBEIRA E SOMBRIA,
OLHA DE LONGE, ASTUTO E DISTANTE,
PASSEIA DE NOITE, NÃO GOSTA DO DIA:
PASSEIA DE BRANCO...O MALDITO ELEFANTE!

E NINGUÉM ACORDA, NINGUÉM RACIOCINA,
NINGUÉM VÊ SEU DISCURSO IGNORANTE,
CEGOS, ADMIRAM A SAGA ASSASSINA,
SEM DAR CONTA DO FALSO E DA PESTINA,
QUE EMANA DAQUELA LATRINA,
ONDE, E ANTES QUE A LUA SE LEVANTE,
PASSEIA DE BRANCO…O MALDITO ELEFANTE!
publicado às 01:35

Tempos de engolir (sapos).

Pois, os motores aquecem, uns já gripados, outros aos solavancos, outros luzidios só na aparência! O que esta "cambada" faz (e vai fazer descaradamente!), para conseguirem o poder!.. Cheira-me a sapos, palavra que sim! Com tanta génese histórica para trás... só faltava mesmo "esta imposição" de Cabeças de Listas pelos distritos! Ora bolas, que diabo de "Novo-PS-de-Primárias" é este?!..Da Madeira a Bragança chegam-nos algumas vozes descontentes ou mesmo escandalizadas! Sem querermos especificar, confessamos a nossa deceção. Alguns dos nomes impostos e tal com o dissemos neste blogue em dezembro enquadram-se agora ainda mais no tal « NOJO que me metem alguns políticos cá da URBI et ORBI: os da URBI parecem por aí uns galos-doidos, na ânsia de ir a tudo e a todos, empestando-se de fumo, de febras, de roncos e de sorrisinhos hipócritas para os seus seguidores e sobretudo para câmaras e objetivas das redes sociais (facebook). Mais pena porém ainda me metem alguns (velhos) políticos da ORBI... metem mesmo dó, palavra que sim, exibem e publicam currículos políticóides, na ânsia de mostrarem que ainda estão vivos e que ainda "se recomendam", mas no fundo denotando uma fobia desenfreada de não se darem conta que já são "transparentes" (isto é que já ninguém repara neles!)  Coitados, ganham euros aos milhares, mas não passam de velhas sucatas, ainda que  desesperem verem-se estacionados "ad eternum", quais carruagens ferrujentas em velha linha desertificada!

IMG_1219.JPG

Oh, meus caros, então se  já fostes de facto tudo...dirigentes, presidentes, secretários, discursistas, governadores, deputados, professores-partime eu sei lá que mais... mas agora não sois nada, ou seja sois simplesmente gente-comum como a maioria dos mortais... porque não o assumis?! A vossa ânsia de vos "mostrardes ainda vivos" perante os novos líderes do futuro, é hoje somente o vosso próprio inferno, onde pagais nas chamas o tanto vazio que fizestes! Sim haveis de dar-vos conta que nada fizestes de útil pela "res publica", passastes, isso sim,  toda a vida a fingir, a correr e a mentir! É eh!! » Foi precisamente assim, como nos exprimimos em dezembro de 2014 e, infelizmente,nada nos obriga ou motiva a não continuamos a pensar na mesma!

Está muito mau! O PS de Costa não soube congregar, cativar, unir e sobretudo inovar e (democraticamente) decidir!

Quanto a nós, contentes, ainda que reduzidos a simples grão de areia da praia ou a mera gota de água do imenso oceano, tentamos "englolir sapos e sapões" (e então aqui pelo distrito há cada um!!!) Mas está a ser difícil! Muito difícil! 

 

 

publicado às 13:41

TEMPOS dum maio...estatístico!

E maio corre, ou mesmo voa! Um mês muito interessante, em todos os aspetos, na luta política, na vida agrícola e até na cultura e na religiosidade! Maio dá para todos e para tudo,  é um mês “sério”, de grande azáfama: no campo, na Escola, na Igreja, nas estradas…

Mas pessoalmente confesso que não gosto muito deste mês, apesar de toda a energia, que lhe reconheço e admiro. É que, sendo um mês riquíssimo em valores e simbolismo, acontece que, e tal como em tantos outros eventos comemorativos e evocativos, deturpa-se tudo, confunde-se e mistura-se tudo e acaba-se por perder todo o verdadeiro pulsar e o sentido genuíno das coisas e sobretudo das causas!...

Como disse, é um mês que dá para tudo, para lutar, trabalhar, rezar, caminhar e até para observar como se comportam tantas pessoas, entidades e instituições, que bem se aproveitam do maiozinho para encher os cofres e para singrarem no seu negócio aparentemente solidário, metafísico e altruísta, mas que não tem controlo do fisco, nem dos Ivas nem dos Irss… E estão neste caso tantas bandeiras, estandartes, flores, promessas, músicas, churrascos, refeições,  dormidas, águas, vinhos, lenços, sapatilhas, camisolas, mantas, viagens, contratos, esmolas, santinhos, terços e sobretudo cera, muita cera! Assim, se maio é um mês para tudo e para todos,  também o é para tantos sendeiros, hipócritas, alcoviteiros, políticos, trapaceiros e sobretudo vendedores-da-banha-da cobra e de traficantes-de-viagens-celestes!

Mas sem dúvida que maio é o mês em que estatisticamente mais se caminha, trabalha, promete, aldraba e reza!

Enfim, o mundo, o país e o maio…são mesmo assim!

publicado às 00:13

ESTA GENTE...

 

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 Às vezes, nas minhas reflexões e recordações sobres estas ocasiões (vivam os ões!), dou comigo a falar com os meus cartões, com os meus crachás e até medalhas!

E fico pensativo, mas depois irritado com tanta hipocrisia, ignorância, demagogia e mesmo calculismo bacoco, palavra que sim!

E foi isso o que me aconteceu, mais uma vez, durante este 25 de Abril e este 1º de Maio. Confesso que estive atento, ainda que um pouco na "recoca"... mas ouvi tanta asneira, Deus meu, como é possível?!...

Em primeiro lugar aqueles milhares de cravos na lapela e nas mesas ditas "oficiais"... muitos dos figurantes, nem se davam conta do papel ridículo que faziam, via-se mesmo que não tinham uma ideia mínima do que foi Abril de 74,  mas também pouco lhes interessa saber, o que pretendem, isso sim, é ter continuidade no cargo político que ocupam e  isso é o mais importante! E depois,  tantos discursos demagógicos e hipócritas! Pessoas até do Exército, reformadas e com patentes superiores, que se afirmam agora e se reivindicam como "Militares de Abrl"! Ah...ah...ah... Se muita gente soubesse quem alguns deles foram, o que fizeram, como reagiram, o que disseram!  Mas depois, lá "viraram o bico ao prego" e hoje andam por aí a "inventar e a contar balelas",  servindo de entulho e de pasto a alguns outros, que nunca souberam o que foi Abril, nem a Guerra Colonial, nem o Fascismo, nem nada disso, simplesmente ... querem continuar a dar nas vistas  e sobretudo a "candidatarem-se" ao exercício político, em mais um cargo de destaque, que lhes garanta reformas e subvenções douradas mas vergonhosas! 

Quanto ao 1º de Maio.... idem aspas, misturou-se tudo: trabalhadores, desemprego, politica, partidos, centrais, marchas, discursos, greves... Dá para tudo a política de hoje e no regresso às casas, até se esgotam as lojas ambulantes e os supermercados  dos produtos chineses e indianos, bem como as cervejas e as sandes das estações de serviço!... E viva a Revolução, pois claro!

Palavra de honra que sentimos saudades... não só do Salgueiro Maia, mas do Ângelo, do Azevedo, do Salavessa,  dos Cadetes da EPAM e de tantos outros, até do Otelo, obviamente! E sentimos sobretudo uma necessidade secreta, que até tememos em confessar... que é dum (novo) Conselho da Revolução, que fosse capaz de colocar tanta aldrabice e tanta gente contra-revolucionária na ordem (alguns era mesmo na rua!)

Enfim...foi uma semana altamente demagógica e até inútil, onde se misturou tudo num enorme caldeirão: esquerda, direita, revolução, libertação, censura, cadeia, justiça, greve, manifestação... País de loucos, de pobres, país de merda, diria mesmo!

A maior parte desta gente, é uma gente falsa e que não presta! Trata-se de pessoas que não estudaram, não sofreram, não fugiram, não choraram, não embarcaram, não atiraram, não defenderam, não (se) feriram, não morreram, não (se) mataram, não sobreviveram, não suaram, não desertaram, não cantaram, não escreveram, não regressaram, não assaltaram, não temeram, não (se) borraram nem  mijaram!... Esta gente, é uma gente-jota e janota, que acordou um dia de "papo ao ar e ao sol", que não conheceu nunca as armas, os arados nem as enxadas, mas que bem cedo conheceu e adorou a retórica, o calculismo, a mentira, a hipocrisia, o assédio, o compadrio, a corrupção, a falsidade, o roubo, a gravata, a meia de seda, o sapato envernizado,  o colarinho branco, o pimbismo, o calculismo, o (pseudo) sorriso, a palmadinha, a (cínica) piscadela e que concebeu e criou um dia...  o Aparelho!

Esta gente não presta, pois claro!

Esta gente só fala...fala...fala... mas não mostra nada! Enfim!

 

publicado às 01:31

Estar (ser) solto dos cabrestos.

 Ser escravo da razão, do arquétipo, do eticamente correcto e definido, é viver na rotina insípida e aborrecida. A energia da vida tempera-se no desafio e no rasgar das normas poeirentas, reinventando novas formas de sentir as relações, o amor e a própria utopia. Preconceitos (meros sepulcros caiados, lindos por fora, mas cheios de podridão no seu interior), são frutos duma Ética passada, criadora duma moral caracterizada pela certeza vaidosa da verdade; só que o evoluir dos tempos veio provar que não é na ordem, no organizado ou moralizado, no preconceito, na norma ou no tabu, que está a nossa evolução da vida. Esta só se engrandece, evolui e se saboreia em toda a sua deliciosa plenitude, quando se sabe ser sábia e cuidadosamente aleatório! Porém o combate mais difícil de vencermos é sempre o que é travado contra nós-próprios, sobretudo quando a Razão nos tenta alarmar pelo nosso sonho, o nosso desejo, ou a nossa própria tentação não estarem de acordo com a norma da evolução da nossa espécie!... Por isso mesmo é que quebrarmos e soltarmo-nos dos cabrestos que nos teimam impôr à força é sempre difícil, mas vale bem a pena, porque não ficamos emburrecidos!

publicado às 13:45

EPITÁFIO DE AMOR...

 O mar, o vento, a tempestade  não amainam,

as ondas fustigam,

o vento invade,

o Céu esfarrapa-se na noite a cada relâmpago,

a fúria da madrasta Natureza,

amedronta os ódios maledicentes dos homens,

as luxúrias desenfreadas dos deuses,

a pequenez dos arrogantes, dos ímpios, dos maus!

Rebuscamos abraçados,

na imensidão deste convés,

onde os nossos corpos rolam amedrontados,

um cantinho aonde resistir,

no meio de bóias, redes, cordas, harpões e sal...

E rezamos,

de bruços,

abraçados,

olhos de azeitona esmagada,

lábios hidróbios ainda de cereja,

lágrimas salgadas em cabelos agrestes beijados...

Cá estamos,

ainda cá estamos,

até quando... não sei,

também não importa!

Só nos consola por dentro,

esta calma vazia,

de já nada haver para fazer,

a não ser esperar...

esperar pelo aleatório,

esperar pelo destino,

esperar pelo Bem, pelo Sol, por Deus, pelo Além...

e resistir,

continuar a resistir nesta certeza doce e amargurada,

tu de nunca te teres acobardado, vendido, trocado, prostituído...

e eu,

e eu de nada mais ter sabido fazer,

a não ser loucamente te amar! 

 

publicado às 00:42

REQUIEM por Jorge Barbosa: Educação Especial de Luto!!

Tomei conhecimento pelo FaceBook do seu...falecimento! Fiquei altamente emocionado. Conheci Jorge Barbosa, enquanto Coordenador geral das então ECAE´s da DREN, uma pessoa que muito admirei e que muito me ensinou, sobretudo pela sua frontalidade e convicção!

Deixo aqui uma das suas publicações, das muitas que escreveu e publicou nos seus Blogues...

Descansa em paz, JB!  

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 O JB... era assim!! Um Mestre, Professor, Amigo! 

 

publicado às 02:31

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